sexta-feira, 5 de novembro de 2021

OUTRA FASE, NOVOS DESAFIOS

 

 


E como era de se esperar, ele cresceu.Já não cabe mais no colo. Já não fica tão por perto. Já não olha pra mim com tanta frequência. Sou eu que olho pra ele. Olho seu tamanho, sua rebeldia, seu afastamento, seus voos independentes. Mas ali distante, ainda vejo que o sorriso é o mesmo, o olhar busca novidades e quando encontra, ainda procura o meu olhar, para dividir, compartilhar. Cresceu, mas não deixou de ser criança. Não é mais criança, mas ainda não é adulto. 

O que é então essa tal adolescência?

Eu lembro da minha. Eu era dona da verdade. Julgava já saber o certo e o errado. Acreditava saber escolher sozinha. Tudo é mais colorido, mais dramático, mais intenso.

Hoje eu estava revendo textos. Tenho todos guardados. Comecei a ler, desde o primeiro. Teve lágrimas nos olhos, sorrisos de orgulho, gargalhadas, lembranças. Entre os textos, lembrei de uma analogia que sempre faço...que educar filhos, é como jogar vídeo game (pelo menos os da nossa época). Você começa a jogar, falha várias vezes, até que pega o jeito, descobre as manhas do jogo e consegue terminar a fase. Se sente o dono do jogo! Consegui! Posso até ensinar outras pessoas. Mas aí vc passa para a próxima fase e BUM!!! Tudo novo, regras novas, segredos diferentes. E você já não sabe mais nada e precisa reaprender. Estou nessa nova fase do jogo mais uma vez! Tudo novo, mas agora não são somente as regras que mudaram, nem os segredos. O personagem mudou!!! É outro. Não aceita os mesmos comandos e preciso descobrir como funciona!!!

Eu trabalhei tanto tempo com adolescentes que achei que teria alguma vantagem! kkkkkk Que ilusão! É uma nova geração, num novo mundo, interesses tão diferentes daqueles adolescentes que conheci ou fui. É um outro universo, ou multiverso, seja lá o que isso signifique!

E é bem aqui que estamos. Tentando descobrir como funciona essa nova fase. Sei que definitivamente os comandos não são os mesmos. Estou convencida que dentro da fase, deve haver passagens secretas para alcançar o coração desse adolescente. Mas estão bem escondidas! Já procurei em todo lugar. As vezes até parece que estou perto de encontrar.

Outro dia ele pediu:

_Mamãe, posso dormir aqui com você, enquanto o papai não chega? 

E lá veio ele, como antes. Um bebezão, que agora tem minha altura, deitar do meu lado e dormir tranquilo. O pai chegou de madrugada, mas já não é capaz de carregar no colo. Só o acordou e "dirigiu" ele para o quarto...rsrsrs.

Outro dia teve algo intrigante...durante um abraço apertado e um tanto longo, ele disse...

_Mamãe...estou com tanta saudade de você!

Curioso, já que estamos 24horas por dia juntos, há quase  um ano e meio por causa da pandemia! Será que mudei também? Será que ele percebe que mudou e também não sabe como lidar com esse ser que está se formando dentro dele? Ou será que é medo de crescer e vontade de retroceder para quando cabia no colo e tinha menos cobranças? Ainda não decifrei, mas gosto quando ele sente essa saudade. Geralmente vem pra mais perto, se aninhando no abraço, exigindo minha atenção total.

Mas o que tenho ouvido com frequência, geralmente durante uma cobrança, uma bronca ou um sermão é...

_Mamãe, você é tão.......MÃE!

Gente! O que isso quer dizer? Foi um elogio? Foi uma crítica? kkkkk Que loucura que é ser mãe de adolescente. E ainda mais durante uma pandemia que nos obrigou a ficar em casa por mais de um ano e meio! Surreal.

Mas sou grata todos os dias. Por estar presente. Por ele estar presente, mesmo que seja no quarto dele, longe da gente, durante a maior parte do tempo! Não vou florear e dizer que está sendo fácil, porque não está. Ele ainda é o mesmo filho carinhoso, mas ele esta num momento que precisa se afastar de nós, os pais, para se encontrar, para descobrir sua própria identidade. E isso definitivamente não é fácil para uma mãe, principalmente para a Mônica mãe.

Sempre ouço especialistas dizerem que não é pessoal, que a fase vai passar e que é para nós pais, não levarmos tão a sério o comportamento um tanto rebelde. Mas que mãe não sofre com um olhar torto, uma resposta ríspida, o afastamento?

E cá estou eu mais uma vez, compartilhando minhas inseguranças e aprendizados. Como o título do blog mesmo diz, filho não vem com manual e por esse motivo vou escrevendo e reescrevendo o Manual do Meu Filho. Talvez esse manual não sirva para você afinal cada criança é uma criança e definitivamente, cada adolescente é um adolescente! Mas uma coisa acredito termos em comum, que é a vontade de acertar. 

Não sei se estou acertando, mas sei que ainda aqui, Deus tem me orientado. Erro com frequência e agora com esse ser de 13 anos, com opiniões tão fortes, tenho errado também. Não sei tudo. Mas o mais honesto seria dizer que não sei nada. Mas apesar de tantas incertezas, lembrei de algo que Deus me disse (de forma bem audível e amorosa) : "VOCÊ ACREDITA MESMO QUE AMA MAIS O LUCCA DO QUE EU?"

Não....eu esqueço as vezes, mas sei que o Deus a quem eu sirvo, que conhece o Lucca antes mesmo de mim, o ama com amor infinitamente maior que o meu. E esse Deus que cuida do meu filho e me capacita a continuar.

Sigo aprendendo. Sigo confiando. Sigo vencendo.


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